História
Uma das duas raças nativas do Brasil, surge como resultado do cruzamento de várias raças como são os Bloodhounds. Destes herdou as características pregas de pele (que se estendem normalmente da cabeça até ao pescoço), o olfato apurado e o nariz comprido.
Foi usado como condutor de gado, guarda e seguidor de rastos dos então escravos que tentavam evadir-se. Quando encontra a sua presa não a ataca, encurrala-a, até que chegue o caçador. Esta capacidade invulgar fê-lo ganhar muita popularidade na época da escravatura, conseguindo trazer de volta os escravos fugitivos, sem lhes infligir um único arranhão.
Inicialmente, o próprio padrão da raça fomentava uma agressividade "extrema", fazendo com que a imagem do Fila fosse frequentemente associada à de um cão "perigoso", o que teve como consequência direta a redução da procura pela raça. Nas próprias exposições, os juizes não gostavam de julgar o Fila já que tinham receio do potencial "perigo" que corriam. No entanto, a partir de meados da década de 1970, a CBKC (entidade brasileira de cinofilia) começou a introduzir mudanças no padrão do Fila, tentando diminuir a sua agressividade. Muitos foram então os criadores que passaram a selecionar aqueles que apresentavam um caráter menos violento a par da promoção de uma maior socialização dos cães.
Um dos elementos chave no processo de desmistificação da imagem do Fila aconteceu em Agosto de 1997, quando, o Fila Brasileiro foi um dos personagens centrais de um dos mais conceituados programas da televisão, o Jô Soares Onze e Meia, quando o criador Walter Vertuan, do Canil Tibaitá - Brenda Lee, de São Paulo, levou a este programa quatro Fila Brasileiros, soltos, e eles mantiveram-se tranquilos permitindo até que as pessoas da assistência os acariciassem. Mas nem todos os criadores concordaram com as mudanças, e dai a criação de uma nova associação – Clube de Aprimoramento do Fila Brasileiro – Cafib – que regista anualmente cerca de 200 filhotes e que manteve as características mais "violentas" do antigo padrão, especialmente no que concerne à "forte aversão aos estranhos".
As capacidades para seguir rastos e a própria presença intimidante levaram-no até à América do Norte e Europa, contudo foi banido de alguns países devido ao seu potencial agressivo. A história desta raça está tão intimamente ligada à história do próprio país que, para uma perspectiva mais abrangente, dever-se-á então aflorar os vários períodos em que o Fila desempenhou um papel de destaque.
Não está só relacionado com a história, mas ainda com o modo de vida e com os problemas quotidianos dos primeiros colonos Brasileiros que se fixaram na região do triângulo mineiro para desenvolver atividades ligadas à mineração e criação de gado.
A maioria das raças atuais foi feita pelo homem mas o Fila Brasileiro é uma das raras exceções. Surge como o resultado de uma necessidade dos primeiros colonos a desembarcar no Brasil e que precisavam de uma raça de cão trabalhadora, forte e vigorosa, que fosse simultaneamente, um condutor de rebanhos, um caçador de jaguares, um guarda e um companheiro leal. É assim o Fila Brasileiro.
Existem algumas raças que contribuíram para o desenvolvimento do Fila Brasileiro. E apesar da maioria dos cinófilos concordarem com três raças (o Bloodhound, o Mastim e o Bulldogue), alguns fatos levam-nos a outra teoria que assenta unicamente em documentos históricos. Após a descoberta do Brasil em 1500, os colonos Portugueses vieram para o Brasil com tudo o que possuíam, inclusive com os seus cães. Assim, da ilha dos Açores chega o Fila Terceirense, que nada tinha em comum com o Fila Brasileiro à exceção óbvia do nome.
De qualquer modo, a eventualidade de um relacionamento não pode ser ignorada uma vez que não existem provas da existência de outros cães que não os dos colonos a par dos cães selvagens Brasileiros.
Conta-se mesmo que foram tantos os cães que saíram da Ilha Terceira que eles ficaram quase extintos.
Alguns crêem então que o nome “Fila” descende do nome do cão Português então levado para o Brasil, mas também se deve ter em conta que “Fila” significava no Português antigo “Agarrar” e esta era a função principal da raça: “Filar = Agarrar” escravos fugitivos.
Dos antigos cães de luta herdaram o temperamento agressivo, as cores, as pernas traseiras mais altas; a garupa mais alta que a cernelha, e a persistência.
Dos Mastins herdaram a cabeça grande e pesada, maxilares fortes, pescoço curto, a máscara preta, a garupa ligeiramente curvada, a coragem e as cores base da raça.
Dos Bloodhounds herdou as pregas de pele, os lábios grossos e pendentes, a barbela, o faro apurado e o modo de ladrar em crescendo.
O Fila da Ilha Terceira poderá ter contribuído com a cauda curvada e a habilidade em conduzir o gado, mas tal não é definitivo uma vez que sempre se tornou difícil determinar a influência que esta raça portuguesa teve.
A origem do Fila Brasileiro é pois muito difícil de definir objetivamente. De qualquer modo há uma crença generalizada de que esta raça surge do cruzamento de Bloodhounds, com Mastins Ingleses e os antigos Buldogues (designados por Doggen Engelsen).
Continua até hoje entre as 10 mais registradas no país. A importância e a popularidade da raça pode ser medida também pelo lançamento, em 1974, do primeiro selo da América Latina com a imagem de um cão e o escolhido foi o Fila Brasileiro; simultaneamente foi lançado um postal.
Temperamento
É obediente e dócil com os donos mas desconfiado com estranhos pelo que constitui um guarda magnífico. Esta desconfiança com estranhos surge designada por “OJERIZA”. Tem um comportamento sereno revelando segurança e autoconfiança, coragem impressionante, determinado, valente.
A sua lealdade deu origem a um provérbio brasileiro que diz “Fiel como um Fila”. Não se incomoda com sons ou ambientes novos. Inigualável enquanto guarda de uma propriedade, também serve para caça grossa e para guardar rebanhos. Não é aconselhado como companheiro para crianças (apesar de poder mostrar alguma tolerância) nem para viver em zonas urbanas.
Descrição
O Fila é um cão robusto, forte e maciço, possui também um faro excelente. Adaptável a qualquer clima. É um cão de temperamento forte e marcante pelo que precisa de um dono que seja simultaneamente firme e, principalmente, responsável e consciente.
O Fila Brasileiro tem um andar longo e elástico lembrando o andar dos grandes felinos. A sua característica principal é a passada (semelhante à dos camelos), movendo as duas patas de um lado primeiro, seguidas das outras duas do lado oposto; isto causa um movimento lateral rolante do tórax acentuado quando a cauda está levantada. Durante o andar mantém o cabeça abaixo da linha das costas. Demonstra um trote leve, e longo com uma passada larga vigorosa.
O seu galope pode ser muito rápido, o que se revela inesperado num cão de tão grande porte. O seu andar é extremamente influenciado pelas articulações típicas do Cão de Fila que lhe permitem mudar subitamente de direção. A sua expressão em repouso é calma, nobre e auto-confiante, sem nunca apresentar uma expressão aborrecida ou de abstração. Quando alerta, a expressão demonstra determinação e alerta com um olhar firme e profundo.
A Cabeça é pesada e maciça, proporcional ao corpo. Vista de cima, parece uma pêra. Vista de lado, focinho e crânio devem ter uma proporção de aproximadamente um para um, ou com o primeiro ligeiramente menor que o segundo. O crânio de perfil demonstra uma ligeira curva desde o stop até à nuca, mais evidente nos cachorros. Visto de frente o crânio é largo, com a linha de cima ligeiramente curvada. As linhas laterais seguem ligeiramente curvadas, mas quase em linha vertical, que estreita até ao focinho.
O Stop ou chanfro quando visto de frente é praticamente inexistente. Visto de lado é baixo, e virtualmente formado pela linha em que se unem as duas sobrancelhas.
O focinho é forte, largo e profundo, em harmonia com o crânio. Visto de cima curva ligeiramente relativamente ao centro do focinho e novamente quando se aproxima da curvatura frontal. Visto de lado o osso do nariz é direito, nunca em linha ascendente. Os lábios superiores grossos e pendentes sobre os lábios inferiores dão uma linha curva perfeita à parte de baixo do focinho, quase paralela à linha superior.
O nariz é bem desenvolvido com narinas largas que contudo não ocupam a totalidade da largura do maxilar. A cor é preto.
Os olhos são amendoados, de tamanho médio a grande, separados. As cores vão do avelã escuro ao amarelo, condizente com a cor do pêlo. Devido à exuberância das pregas de pele, muitos exemplares têm pálpebras pendentes que não são consideradas faltas uma vez que tal pormenor acentua anda mais a expressão melancólica pela qual se reconhece a raça.
As orelhas são pendentes, largas, em forma de V, largas na base e afuniladas nas pontas que são redondas. Estão inseridas na parte posterior do crânio em linha com o nível médio dos olhos quando em repouso. Quando eretas, as orelhas vão acima da sua posição original.
Os dentes são mais largos que compridos; são fortes e brancos. Os incisivos superiores são largos na raiz e afiados nas pontas. Os caninos são bastante fortes e bem constituídos.
O pescoço é extraordinariamente forte e musculado dando a impressão que é um pescoço curto. É ligeiramente curvado no topo e bem separado do crânio. A garganta está guarnecida com uma barbela.
Na linha superior, a cernelha, situada numa linha inclinada, passando-se posteriormente para a zona da garupa onde há uma ligeira elevação.
A garupa é larga e longa, com uma angulação de aproximadamente 30 graus na linha horizontal, descrevendo uma ligeira curvatura. Fica ligeiramente mais alta que a cernelha. Vista de trás deve ser ampla e a sua largura deve ser aproximadamente igual à do tórax, sendo que nas fêmeas pode ser ainda mais larga que o próprio tórax.
O corpo é forte, largo, coberto por uma pele grossa e solta. O tórax é mais longo que o abdómen. O comprimento do corpo é idêntico à largura da cernelha mais 10%, quando medida do ponto do ombro até ás nádegas.
No tórax as costelas estão bem constituídas, denotando-se a separação das duas partes. O peito é fundo, largo, descendente ao nível dos ombros.
O ventre é mais curto e menos profundo que o tórax, denotando-se a separação das suas duas partes. A parte mais baixa do ventre é mais desenvolvida nas fêmeas. Visto de cima, é mais pequeno que o tórax e a garupa, mas não deve formar uma linha de cintura.
Na linha inferior, o peito é longo e paralelo ao chão em toda a sua extensão.
Os pés são formados por dedos bem constituídos que não estão demasiado próximos. A posição correcta dos pés é a apontar para a frente. As unhas são fortes e escuras, mas poderão ser brancas se esta for a cor do respectivo dedo.
A cauda é muito larga na raiz, tamanho médio, atingindo o nível do jarrete. Quando o cão está alerta, a cauda é levantada bem alto, e a curva que possui na extremidade fica mais acentuada. A cauda não deve cair sobre o corpo ou enrolar para cima.
Tipo de Pêlo
Uma das características mais importante desta raça é a pele solta e grossa sobre todo o corpo e principalmente no pescoço onde forma uma barbela; em alguns exemplares as pregas chegam mesmo ao peito e abdómen. Alguns cães têm pregas nos lados da cabeça e também na cernelha, descendo até aos ombros. Esta estranha combinação de pregas faz com se estiver em repouso, não tenha qualquer prega. Quando alerta, e de modo a levantar as orelhas, a contracção da pele faz surgir pequenas pregas que desenham uma linha longitudinal relativamente ao crânio.
O pêlo é curto, denso e macio. A raça apresenta grande variedade de cores e marcações, podendo ser sólido ou "tigrado", havendo restrições apenas no que concerne às cores que originem desqualificações em termos de competição: branco, cinza rato, manchas, preto e canela ( black and tan ) e azul.
Podem ter uma máscara preta. Em todas as cores permitidas, as marcas brancas devem restringir-se aos pés, peito, e à ponta da cauda. Assim, as manchas em qualquer outra parte do corpo são indesejadas. No caso do Fila malhado, a proibição deve-se ao fato de que o cruzamento de cães malhados poder mais facilmente gerar exemplares brancos, igualmente indesejados.
Observações
Também conhecido como Cão de fila, cão onceiro, cabeçudo boiadeiro, mastim brasileiro ou cão de guarda brasileiro são alguns dos muitos dos nomes pelos quais foi conhecido o Fila Brasileiro, a primeira raça brasileira a ser reconhecida internacionalmente pela FCI a partir de 1968.
Precisa de treino e tratamento firme para controlar a sua agressividade.
Deve ser escovado regularmente com uma luva de sabujo.